Esperança

Venha me libertar desse sofrimento... Dessa dor massacrante que dilacera tudo em mim e que transforma meu coração em um mar de migalhas.

A recordação desse amor é tudo o que restou de mim. A esperança de um dia ter você de volta é o que ainda continua me mantendo viva.

Ainda lembro com tanta clareza do seu sorriso que era capaz de transformar tudo em mim. Você me tirava do fosso escuro e me levava para luz dos seus braços, do seu carinho e do amor que outrora fora tão intenso e avassalador.

Odeio ainda te amar e me martirizo por isso.

Eu preciso esquecer... Me libertar... Viver...

Eu preciso de você...
Eu preciso manter essa esperança em mim...

Um dia

Um dia eu soube sorrir...

Um dia eu soube ser feliz...

Um dia eu tive o melhor abraço, o melhor carinho, o melhor beijo.

Aquele sorriso era o meu céu, meu mundo, minha maior alegria.

Quando fecho os olhos ainda consigo ver seu rosto, ouvir sua voz sussurrando, sentir seu cheiro.

Um dia eu pude me entregar.

Um dia eu tive a certeza do amor.

As lembranças são o meu fôlego diário de vida...

Meu alimento...

Minha inspiração...

Meu flagelo...

Minha destruição...

Destranque meu coração

Neste quarto trancada sozinha a loucura me persegue. Sinto-me perdida na minha demência particular, refém da solidão, possuída por uma tristeza tão extrema que me faz sufocar.

Eu queria poder voltar a acreditar... Acreditar na compaixão, na bondade, no perdão, na felicidade, no amor...

Tranquei meu coração para ter a verdadeira visão de tudo... Fiz uma troca injusta e cruel!

Sinto-me perdida, descrente, sem sonhos, sem nada, sem ninguém.

Eu tento fugir, abandonar tudo isso, rejeitar o mundo. Mas como eu poderia fugir de mim mesma? Como poderia me esconder dos meus próprios medos?

Estou assustada, eu quero me libertar, mas não sei como escapar...

Eu realmente não quero viver toda minha vida sozinha...

Eu não suportaria... Eu não me perdoaria...

Enclausurada

Já não sinto que faço parte disso tudo.

Não quero estar aqui... Não devo prosseguir...

Não sou capaz de continuar seguindo nessa estrada incerta e perigosa. Não sou forte o suficiente, não há coragem em mim.

Estou me deixando submergir cada dia mais nesse mar de solidão, amargura, ódio, rancor e dor... O vazio toma conta de todo o meu ser.

Permito-me ser levada por essa tempestade de sentimentos obscuros que já faz parte de mim.

A dor é tão intensa que já não consigo suportar... Ela me machuca, me destrói, me tortura, me enlouquece... Queria que tudo isso tivesse um fim, que alguém pudesse me salvar desse fosso escuro.

Suplico por liberdade! Suplico por piedade! Suplico por perdão!

Perigo

Mergulharei neste mar desconhecido. Deixarei essa sensação de risco envolver tudo e me fazer sucumbir.

O perigo envolvente dessa aproximação improvável proporciona a mais intensa e descontrolada excitação. O desejo de querer mais tira toda a sanidade existente em mim.

Os limites já não mais existem e a loucura me possui...

Anseio que essa sensação de perigo domine todos os meus movimentos.

Anseio por mais...

Anseio pelo ápice deste delírio...

Desejo

Brota em algum lugar esquecido da minha mente um desejo incontrolável.

Desejo esquecido, abandonado, enterrado...

Meu corpo suplica em saciar tamanha loucura. Minha mente impulsiona e alimenta o desejo de entrar no embalo dessa dança perigosa.

O passado, o presente e o futuro se fundem e já não vivo das lembranças de outrora, já não espero que o hoje me surpreenda e nem ambiciono que o amanhã traga consigo o inesperado.

Saciar esse desejo exige uma força que insiste em escorrer pelas minhas mãos.

Sim, eu desejo!

Desejo com uma intensidade que me faz transcender a sanidade.

Meu martírio...

Minha loucura...

Meu prazer...

Lamentação

Apenas clamo por piedade.

Estou em prantos, estou sangrando...

Quero apenas que alguém faça essa dor ir embora.

Por favor, alguém faça isso parar, eu suplico...

Sou fraca e estou muito danificada.

Não suporto viver assim, não quero viver assim.

Estou chorando...

Estou sangrando...

Estou suplicando...

Estou morrendo...

Escrava da solidão

Anseio poder um dia sentir novamente meu coração bater mais forte por alguém.

Ainda sinto seu cheiro...

Ainda tenho o gosto dos teus lábios nos meus...

Ainda vejo seu sorriso sempre que fecho os olhos...

Sua felicidade aparente me machuca. Vivo das migalhas que ainda restam do passado e que aos poucos vão se esvaindo e deixando essa solidão torturante.

Você ainda é minha droga. Um vício que não sou capaz de me libertar.

Estou incompleta, quebrada, dilacerada...

Os pedaços são tantos que desisti de tentar juntá-los. Vou permitindo que os dias passem me atropelando, me esmagando.

Sua ausência vai levando um pouco de mim a cada dia. Sinto que amanhã serei apenas um imenso vazio vagando pela vida.

Tempo

Eu poderia ter aproveitado melhor minha vida, ou talvez pudesse ter tomado decisões mais assertivas, ou ainda talvez eu pudesse ter evitado tudo e um pouco mais.

Tempo que me sufoca...

Tempo que me aprisiona...

Maldito tempo que me obriga a agir seguindo tantos sentimentos que me cegam, que me machucam e me destroem.

Corro em busca de respostas capazes de acalmar meu coração, grito desesperada por uma solução, clamo por piedade. Dentro de mim há apenas resquícios de um amor que outrora movia minha vida e que agora apenas me martiriza.

Enquanto os dias passam com essa velocidade violenta eu apenas me entrego ao sofrimento e às lembranças de tudo que ficou no passado e que insistem em mover cada dia da minha sôfrega existência.

Sobre o amor

Um sonho, uma fantasia, um delírio, uma loucura, uma dor, uma angústia...

Lágrimas escorrem sem que eu possa controlá-las, uma dor tão intensa que temo não ser capaz de suportar.

Eu deveria esperar ser amada, eu deveria acreditar na magia de um sentimento abstrato que vaga por caminhos desconhecidos e que entrelaça vidas. Sou incrédula, sou descrente, sou fria, sou triste...

Uma pequena dose desse sentimento pode causar uma destruição gigantesca, pode deixar cicatrizes profundas e algumas feridas abertas para sempre. Em mim tudo é dor, tudo é sofrimento, já não sei quem sou ou no que me transformei, sei apenas sentir... Sentir essa dor que vem dilacerando meu ser, me sufocando, me torturando.

Eu ainda choro todas as noites, eu ainda sinto um vazio imenso, eu resolvi trancar o que restou do meu coração e viver na companhia da solidão.

Desolada

Sinto que preciso buscar uma felicidade incapaz de ser alcançada em plano terreno. Minha alma pede muito mais...

Sinto uma inexplicável atração pelo que não pode ser visto por olhos humanos.

O infinito me chama, me seduz...

Desejo no mais íntimo do meu ser ir ao encontro do sedutor desconhecido. Meu corpo pede que eu apenas me entregue e minha alma clama por libertação.